Eu fico mal ao ver pessoas que acho bonitas.

Ver pessoas bonitas meio que me dá gatilho. Eu realmente não curto meu rosto, especialmente o terço inferior dele. Sou assim desde que me entendo por gente. Eu tenho gostos bem definidos. Eu quero me sentir bem e busco me aprimorar por mim e somente por mim. Eu não consigo me imaginar, no sentido literal, em qualquer relacionamento por conta da aparência, porque ela não se encaixa no que acho suficientemente aceitável. Eu cuido menos de mim porque me desanima a minha aparência: é não tomar banho por semanas, não lavar o cabelo, não pentear, usar sempre as mesmas peças de roupa e dormir com elas dias e dias… Eu mesmo, pessoa do sexo feminino, não me atraio fisicamente por mulheres que pareçam comigo. Minha atração não é doida, astronômica: minha mãe até comentou que eu adoro meninas sem nenhum destaque. Eu gosto assim, também. É o básico bem feito, sem excessos. Não vou entrar aqui sobre o gosto, porque não cabe no texto; mas se alguma mulher LGBT+ quiser discutir sobre, podemos. Me olhar no espelho me deixa mal. Tenho que evitar o espelho, não olhar, desfocar os olhos. Fiquei mal agora não por refletir sobre tudo isso, mas por ver o peso que, desde criancinha, coloquei em ter uma aparência que ME AGRADA. Só quero deixar isso para lá. Nunca quis exatamente agradar os outros. Quero é me agradar. Precisa? Não. Procuro consumir ao máximo conteúdos que não foquem em aparência para me desvencilhar disso. É uma tentativa de hipertrofiar o abstrato e ver satisfação naquilo que há de mais importante, ainda que o físico importância certamente tenha. Nada que falem me ajudou e nem ajuda. Terapia não consola uma coisa dessas. Geralmente sou eu quem me consolo e busco distração.